LOS ANGELES - Estrela de uma série de 15 livros e de um filme (O Colecionador de Ossos, de 1999) com Denzel Washington e Angelina Jolie, o detetive Lincoln Rhyme está de volta – só que agora na tela da televisão. A série de Lincoln Rhyme chegou ao Brasil nesta segunda (18), às 22h, no AXN, com dez episódios na sua primeira temporada. O básico continua o mesmo: Rhyme (Russell Hornsby) é um detetive arrogante e brilhante que fica paralisado depois de cair durante uma investigação. 

Anos depois, um crime com todas as marcas do famoso serial killer Colecionador de Ossos acontece, e Rhyme, de sua cama, acaba aceitando a proposta de desvendá-lo, com a ajuda da policial Amelia Sachs (Arielle Kebbel), responsável por descobrir o corpo em uma de suas patrulhas. Michael Imperioli (Os Sopranos) faz um detetive que costumava ser o parceiro de Rhyme. Para Hornsby, foi um belo desafio. “Aprendi com Shakespeare que o texto é sagrado. É preciso usar as palavras para dar o tom, a ênfase. Alongar algumas palavras e encurtar algumas frases. E também o olhar. Estou utilizando tudo o que aprendi nesses anos todos. Não estaria pronto para este papel uns anos atrás. Espero que o público aprecie o trabalho”, disse, em evento da Associação de Críticos de Televisão, em Los Angeles.

Mas também há algumas diferenças em relação ao material original. Uma delas é que, ao contrário dos romances e do longa-metragem, Lincoln Rhyme não está pensando em suicídio antes de se envolver com o caso. “Achamos que já havia desafios suficientes para nossos personagens no piloto. Também não desejávamos que nosso personagem começasse num ponto tão sombrio e provavelmente não muito moderno”, disse a produtora executiva Rachel Kaplan. “Não queríamos passar a imagem de uma pessoa com deficiência nesse nível de depressão. Era mais interessante mostrá-lo em dúvida se conseguiria fazer seu trabalho e perceber que sim.” Em compensação, Amelia Sachs tem sua cota de problemas com saúde mental, sofrendo de transtorno de estresse pós-traumático. “Eu era fã do filme e da série de livros, mas Sachei interessante esta Amelia com essas questões de ansiedade e trauma, mas também com luta e força para superar seu espírito ferido”, disse a atriz Arielle Kebbel. “Era como se a conhecesse. Tinha de interpretá-la.” 

Nos livros, Lincoln e Amelia têm um relacionamento romântico, deixado de lado aqui. “Na nossa série, ele tem uma ex-mulher e um filho, e nós esperamos torcer por sua reconciliação”, disse Kaplan. “Esse foi o interesse romântico que escolhemos para Lincoln. Mas ele e Amelia têm uma conexão especial – só um pouco diferente da mostrada nos livros.” Para o ator Russell Hornsby (Um Limite Entre Nós, O Ódio que Você Semeia), trata-se de uma relação de mentor e aprendiz. “Ambos os personagens têm falhas. Os dois estão lutando contra diferentes dificuldades em suas vidas, do passado e do presente”, afirmou Hornsby. “Ao longo da temporada, veremos como esse relacionamento evolui e como os dois aprendem a trabalhar juntos e a ajudar um ao outro.” O lema é “quem está despedaçado cuida melhor de quem está despedaçado”. “Esse é o princípio da relação entre Amelia e Lincoln”, disse o produtor executivo Barry O’Brien.

Outra mudança: o personagem da série O Colecionador de Ossos (Brían F. O’Byrne) é muito mais discreto do que em suas versões literária e cinematográfica. “A ideia era que ele fosse alguém que anda no meio da gente. Não é um outsider, mas alguém de ar professoral, bem educado, com quem você poderia ter uma conversa – mas que tem esse outro lado dentro dele”, disse Kaplan. Para o produtor executivo Peter Traugott, “isso faz com que ele seja muito mais aterrorizante”.

Tantas alterações não incomodaram o autor das histórias, Jeffery Deaver, segundo os produtores. “Ele é o nosso animador de torcida, apoiador, parceiro intelectual. Jeffery nos deu acesso a toda a sua obra de best-sellers e está torcendo pela série.” A ideia é introduzir personagens de outros livros ao longo do tempo.